De súbito entrei.
Era uma música
de um barco imóvel no encanto
de ser toda a atmosfera, no descanso
da mais íntima sombra adormecido,
como na essência de um sonho.
Um âmbito sem nome, em total olvido,
o universo completo no jardim.
E a montanha em silêncio, a solidão de estrelas,
um dorso longínquo e sobre ele as ondas
caladas, majestosas.
Era a imortal maturidade de um só instante,
a verdadeira vida aqui, plena, revelada,
o gozo sem afã da formosura imensa,
toda a verdade presente e sem história,
música absoluta de humana divindade.
Antonio Ramos Rosa