quarta-feira, julho 31, 2024

 


E nada mais somos do que o poema onde as crianças 
se distanciam loucamente 
Loucamente

                                                                                                                                                                                  Herberto Helder



terça-feira, julho 30, 2024



Hoje não encontrei as palavras .



segunda-feira, julho 29, 2024




MÍSIA . calou-se a voz







domingo, julho 28, 2024





As palavras que digo dão corpo 
às coisas que penso, e o que penso é
uma vontade grande de não ver morrer 
a planta, o rio, a ave, a memória branca
que há dentro das pedras.

José Jorge letria


sábado, julho 27, 2024




                                                                                                                Laura MakabresKu


Se cantasse, talvez o coração
Sossegasse no peito.
Mas vou perdendo o jeito
De cantar
A vida, devagar,
Leva-nos tudo,
E deixa-nos na boca o gosto de ser mudo.

Miguel Torga



sexta-feira, julho 26, 2024





ESCADA SEM CORRIMÃO

É uma escada em caracol 
E que não tem corrimão. 
Vai a caminho do Sol 
Mas nunca passa do chão. 
Os degraus, quanto mais altos, 
Mais estragados estão, 
Nem sustos nem sobressaltos servem sequer de lição. 
Quem tem medo não a sobe 
Quem tem sonhos também não. 
Há quem chegue a deitar fora 
O lastro do coração. 
Sobe-se numa corrida. 
Correm-se perigos em vão. 
Adivinhaste: é a vida 
A escada sem corrimão. 
David Mourao Ferreira

terça-feira, julho 23, 2024





Bárbaros
 
Vinham de longe, arrastados pelos ventos, e escondiam 
nas mãos um punhado de areia fina para não esquecerem 
o cheiro dos desertos. Subiram à montanha e, 
com um ramo quebrado, puseram-se a riscar o contorno 
do lago e os caminhos tortuosos das primeiras margens. 
A água fascinava-os, como aos cavalos que traziam 
alados e sem crinas para chegarem sempre mais cedo. 
Nessa noite acamparam no vale. Assaram um veado. Beberam 
às mulheres que haveriam de ter. E adormeceram 
mais longe do céu. 
Sonharam com o fogo para não terem de cortar o trigo. 
De manhã, a planície estava ainda mais plana.

Maria do Rosário Pedreira





segunda-feira, julho 22, 2024

sábado, julho 20, 2024

quinta-feira, julho 18, 2024

 


E assim é... !




segunda-feira, julho 15, 2024




Devia morrer-se de outra maneira.
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol
a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos
os amigos mais íntimos com um cartão de convite
para o ritual do Grande Desfazer: "Fulano de tal comunica
a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje
às 9 horas. Traje de passeio".
E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos
escuros, olhos de lua de cerimónia, viríamos todos assistir
à despedida.
Apertos de mãos quentes. Ternura de calafrio.
"Adeus! Adeus!"
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
numa lassidão de arrancar raízes...
(primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos... )
a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se
em fumo... tão leve... tão subtil... tão pólen...
como aquela nuvem além (vêem?) — numa tarde de outono
ainda tocada por um vento de lábios azuis...

JoséGomesFerreira



sábado, julho 13, 2024

                      

                                 Victor Rousseau


E Nietzsche disse : Recriai-vos a vós mesmos e que esta seja a vossa melhor criação



sexta-feira, julho 12, 2024






Se 
Se és capaz de manter a tua calma, quando, 
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa. 
De crer em ti quando estão todos duvidando, 
e para esses no entanto achar uma desculpa. 

Se és capaz de esperar sem te desesperares, 
ou, enganado, não mentir ao mentiroso, 
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares, 
e não parecer bom demais, nem pretensioso. 

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires, 
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores. 
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires, 
tratar da mesma forma a esses dois impostores. 

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas, 
em armadilhas as verdades que disseste 
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas, 
e refazê-las com o bem pouco que te reste. 

Se és capaz de arriscar numa única parada, 
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida. 
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, 
resignado, tornar ao ponto de partida. 

De forçar coração, nervos, músculos, tudo, 
a dar seja o que for que neles ainda existe. 
E a persistir assim quando, exausto, contudo, 
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste! 

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes, 
e, entre Reis, não perder a naturalidade. 
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes, 
se a todos podes ser de alguma utilidade. 

Se és capaz de dar, segundo por segundo, 
ao minuto fatal todo valor e brilho. 
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo, 
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho! 
Rudyard Kipling



terça-feira, julho 09, 2024

 


" Carpe diem

Com levezas. 

Hoje e toda a vez que a vida apertar além da conta.



segunda-feira, julho 08, 2024

 

                                                                                                                                   
                                                                                                                                                        J.Pollock


Morro do que há no mundo:

do que vi, do que ouvi. 
Morro do que vivi. 
.....

Morro cheia de assombro
por não sentir em mim
nem princípio nem fim. 
Morro: e a circunferência
fica, em redor, fechada. 

Dentro sou tudo e nada..

Cecília Meireles


quinta-feira, julho 04, 2024





                                                                                   " GAZA  II "   n. Alpalhão

ESTE É O TEMPO

Este é o tempo
Da selva mais obscura

Até o ar azul se tornou grades
E a luz do sol se tornou impura

Esta é a noite
Densa de chacais
Pesada de amargura

Este é o tempo em que os homens renunciam.

Sophia de Mello Breyner

segunda-feira, julho 01, 2024

 

A Arte é a lembrança que deixamos aos outros.

Manuel Cargaleiro





Vou no espantoso trono das águas vou no assopro dos ventos,

vou por cima dos meus pensamentos 

Fausto .... Sempre !