terça-feira, julho 23, 2024





Bárbaros
 
Vinham de longe, arrastados pelos ventos, e escondiam 
nas mãos um punhado de areia fina para não esquecerem 
o cheiro dos desertos. Subiram à montanha e, 
com um ramo quebrado, puseram-se a riscar o contorno 
do lago e os caminhos tortuosos das primeiras margens. 
A água fascinava-os, como aos cavalos que traziam 
alados e sem crinas para chegarem sempre mais cedo. 
Nessa noite acamparam no vale. Assaram um veado. Beberam 
às mulheres que haveriam de ter. E adormeceram 
mais longe do céu. 
Sonharam com o fogo para não terem de cortar o trigo. 
De manhã, a planície estava ainda mais plana.

Maria do Rosário Pedreira





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