sábado, agosto 31, 2024

 


                    Serra D´Aire


Que fazes tu, poeta? Diz! — Eu canto. 

Mas o mortal e monstruoso espanto 
Como o suportas? — Canto. 
E o que nome não tem, tu podes tanto 
Que o possas nomear, poeta? — Canto. 
De onde te vem o direito ao Vero, enquanto 
Usas de máscaras, roupagens? — Canto. 
E o que é violento e o que é silente encanto, 
Astros e temporais, como te sabem? — Canto. 

Rainer Maria Rilke





quinta-feira, agosto 29, 2024




                                                          " Terras de Mogadouro "



A Última Ceia 

Trouxe as palavras e colocou-as sobre a mesa. 
Trouxe-as dentro das mãos fechadas (alguns disseram 
que apenas escondia as feridas do silêncio). 
Pousou-as na mesa e começou a abri-las devagar, 
tão devagar como passa o tempo quando o tempo 
não passa. E depois distribuiu-as pelos outros, 
multiplicou-se em dedos, em palavras (alguém disse 
que chegariam a todos, ultrapassariam os séculos e 
teriam a duração do tempo quando o tempo perdura). 
Ceou com todos pão que não levedara e vinho áspero 
das videiras magras do monte que os ventos dizimavam. 
Quando se ergueu, havia ainda palavras sobre a mesa, 
coisas por dizer no resto do pão que alguém deixara, 
feridas fundas nas mãos que fechou em silêncio e devagar. 

Perto dali uma figueira florescia. 
 À espera.

 Maria do Rosário Pedreira



terça-feira, agosto 27, 2024

 

                                                                                                                                 mar da Rocha


A chuva, a LUA, o mar e a BRISA.



sábado, agosto 24, 2024






Olha os meus olhos morena 
porque a aventura é ficar 
se a minha terra é pequena 
eu quero morrer no mar. 

Lençóis de algas e peixes 
de barcos a menear 
no dia em que tu me deixes 
eu quero morrer no mar. 

E se o negro é tua cor 
respirando devagar 
depois de amor meu amor 
eu quero morrer no mar.

António Lobo Antunes 



quinta-feira, agosto 22, 2024




                                   Quando o melhor é calar e Observar .



quarta-feira, agosto 21, 2024

 


COISAS DA TERRA 


Todas as coisas de que falo estão na cidade 
entre o céu e a terra. 
São todas elas coisas perecíveis  
e eternas como o teu riso 
a palavra solidária 
minha mão aberta 
ou este esquecido cheiro de cabelo 
que volta 
e acende a sua flama inesperada 
no coração de maio. 
Todas as coisas de que falo são de carne 
como o verão e o salário. 
Mortalmente inseridas no tempo, 
estão dispersas como o ar 
no mercado, nas oficinas, 
nas ruas, nos hotéis de viagem. 
São coisas, todas elas, 
cotidianas, como bocas 
e mãos, sonhos, greves, 
denúncias, acidentes de trabalho e do amor. Coisas, 
de que falam os jornais 
às vezes tão rudes 
às vezes tão escuras 
que mesmo a poesia as ilumina com dificuldade. 
Mas é nelas que te vejo pulsando, mundo novo, 
ainda em estado de soluços e esperança. 

Ferreira Gullar ,  " Dentro da Noite Veloz "


terça-feira, agosto 20, 2024



                                                                                                       (O prazer das palavras e 
                                                                              da voz )


 




segunda-feira, agosto 19, 2024

 

 

Cada um vê o que vê e Sente. 



sexta-feira, agosto 09, 2024



     
                                              " Humanidade contra o Mal " -  1908                   G. Cellini 

" Mudar o mundo, amigo Sancho,
não é nem utopia nem loucura,
é justiça ".



quarta-feira, agosto 07, 2024

terça-feira, agosto 06, 2024



06. Agosto.1945


segunda-feira, agosto 05, 2024

 


 Beleza. Simplicidade. Liberdade. 


sábado, agosto 03, 2024

 

03.08.

NEVER GIVE UP 



sexta-feira, agosto 02, 2024

quinta-feira, agosto 01, 2024




                                                                                                                                                                       Nishe
 

Vem brando o vento quieto
Do fundo da terra e sonho.
Há um sossego completo
No que vejo e que suponho.

É como se nesta calma
Surgisse um mover somente
Para nele sentir a alma
Como o sossego se sente.

FPessoa