segunda-feira, agosto 14, 2023

 

A ponte é uma miragem



Olho para Carlos Moedas e, por vezes, faz-me lembrar o Braga de Macedo, com aquele ar de quem não partia um prato e, de repente, "não sobrava uma chávena na cozinha". Dizem-me que é muito à frente, que tem mundo e que é capaz do melhor, do bom, muito bom, salpicado do mau, muito mau. Não duvido que foge do cinzentismo a que estamos habituados. Gabo-lhe a ousadia de quando uns tendem a fugir ele tende a subir, espreitando em bicos dos pés. Não sei se sabe nadar. Mas não me admiraria vê-lo em mar alto atirar-se às ondas, glu, glu, glu, e mais ou menos pirolito desabafar: salvei-os a todos. Por vezes, lembra-me até o forcado da cara no meio da praça chamando pelo touro. Ele, com aquele corpanzil (tal como o meu), julgando-se capaz de pegar um Passanha ou um Grave sem pestanejar.

Moedas pode ter muito para dar ao país, assim o país o perceba. E assim Moedas perceba o país. Mas tem coisas que não lembra ao Diabo, mesmo numa jornada católica. Se é certo que terá sido D. Manuel Clemente o pai da criança (salvo seja), nem ele terá pensado ser também o padrinho. A ponte é mesmo uma miragem. Moedas não partiu um prato, partiu a louça. Claro que haveria outras formas de agradecer a D. Clemente. E é claro que haveria outros padrinhos para a ponte. Desde logo a Juventude. Mas Moedas quis atirar-se ao mar alto. Ou pegar o touro de caras. Irá perceber agora que não tem corpinho para isso. Deu um tiro no pé. E isso dói. Ai, se dói...


https://clausuras.blogs.sapo.pt/



Sem comentários:

Enviar um comentário