domingo, dezembro 05, 2021





Se ao fim que houvesse um trem nos arrancasse
deixando um corredor de luz humedecida, 
a mesa do café seria a base 
de haver um cais sem mesmo haver partida.

O pêndulo daria aquela face 
de esperar o minuto. E a pupila 
saberia da sombra, se chegasse 
a haver cidade. Mas quando nas esquinas

 uma torre é o tempo, a mesa quase
 está no sul e nós temos as ruínas
 no vento luminoso que passasse.

E o trem arranca. Arranca-nos e dá-se
ao túnel e ao fundo da pupila 
como se alguém dobrasse a sombra duma esquina. 

 Fernando Echevarría  "in Sobre as horas"



Sem comentários:

Enviar um comentário