domingo, dezembro 26, 2021



Herói é quem no muro branco inscreve 
O fogo da palavra que o liberta: 
Sangue do homem novo que diz povo 
E morre devagar de morte certa. 

Homem é quem anónimo por leve
lhe ser o nome próprio traz aberta 
a alma à fome fechado o corpo ao breve
instante em que a denúncia fica alerta. 

Herói é quem morrendo perfilado 
Não é santo nem mártir nem soldado
Mas apenas por último indefeso. 

Homem é quem tombando apavorado
dá o sangue ao futuro e fica ileso
pois lutando apagado morre aceso. 

Manuel Alegre



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