quarta-feira, novembro 29, 2023

guerras. outras




                                                                                                                               Gustav Klimt



Guerra
 
São meus filhos. Gerei-os no meu ventre. 
Via-os chegar, às tardes, comovidos,
nupciais e trementes 
do enlace da Vida com os sentidos. 

Estiveram no meu colo, sonolentos. 
Contei-lhes muitas lendas e poemas. 
Às vezes, perguntavam por algemas. 
Respondia-lhes: mar, astros e ventos. 

Alguns, os mais ousados, os mais loucos, 
desejavam a luta, o caos, a guerra. 
Outros sonhavam e acordavam roucos 
de gritar contra os muros que há na Terra. 

São meus filhos. Gerei-os no meu ventre. 
Nove meses de esperança, lua a lua. 

Grandes barcos os levam, lentamente... 

Natércia Freire, in 'Liberta em Pedra'



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